Sementes: desenvolvida tecnologia que permite confirmar autenticidade das plantas
A empresa britânica East Malling Research desenvolveu uma tecnologia que permite, com um grau de confiança de 100%, confirmar ou desmentir a autenticidade de uma determinada cultivar.
Todos já ouvimos falar de Impressões Digitais de ADN nas séries criminais da televisão, mas como é que esta pode ser usada na indústria dos frescos?
A aplicação desta tecnologia em horticultura e fruticultura também funciona segundo o princípio de que cada cultivar (variedade) é geneticamente diferente. Se um criador está a desenvolver uma nova variedade, ele irá cruzar duas plantas de mirtilo, por exemplo, e acabar com centenas de sementes de uso potencial, em que cada uma dessas sementes é geneticamente diferente. Quando a “melhor” semente é escolhida após os ensaios, ela é propagada através de modo vegetativo ou clonagem. Assim, quando se obtém uma nova cultivar, todas as plantas têm de ser propagadas através daquela única planta mãe. A impressão digital genética permite aos produtores saber se estão, de facto, a trabalhar com essa mesma cultivar específica.
Proteção e Garantia de Qualidade para toda a Cadeia de Valor
“Uma amostra de uma cultivar pode ser registada no sistema da East Malling Research e cruzar a referência a qualquer momento”, explica Ross Newham, técnico daquela empresa. “Os criadores de cultivares têm o seu lucro nas royalties obtidas nas plantas propagadas através da semente original e posterior venda aos produtores. Assim, se um propagador de outra semente tentar “apoderar-se” da semente e vendê-la sobre um nome diferente, o criador original pode cruzar a referência para provar que a cultivar é sua”.
“Este processo não é apenas usado para resolver disputas no tribunal, mas também para empresas no controlo da qualidade, para confirmarem que estão a usar as plantas certas, dado que milhares ou até milhões de plantas crescem todos os anos e pode ocorrer a possibilidade de as cultivares serem marcadas de forma incorreta”, afirma Ed Dobbs, colega de Ross na East Malling Research.

100% de fiabilidade
As maçãs e peras proveem de todo o mundo para fornecerem, entre outros, a grande distribuição. Se o carregamento não corresponder ao contratualizado o importador pode não perder apenas muito dinheiro mas também a sua reputação com o distribuidor. “Existiu um caso recente onde o importador duvidou se a cultivar fornecida era de facto a cultivar que foi encomendada, dado não reunir as características organoléticas da mesma. Nós fizemos o teste e confirmou-se que, de facto, se tratava de uma cultivar diferente de maçã”, explicou Dobbs.
Num outro caso, um produtor encontrou uma cultivar de framboesa que não estava a ser tão rentável quanto lhe fora garantido, e ele duvidou se, de facto, as plantas eram genuínas. “As plantas foram testadas e provou-se serem genuínas, por isso, provavelmente o propagador ou o produtor devem estar a usar métodos de propagação/produção errados”.
“Estes exemplos mostram que existem muitos usos para esta tecnologia”, afirma Newham. “Quando pensamos que uma cultivar de morango demora 5-8 anos a desenvolver, framboesa 8-12 anos, e de maçã pode chegar até aos 25, temos a certeza de que os criadores necessitam mesmo de proteger estes investimentos a longo prazo.” O processo de testes tem um índice de 100% de confiança. Geralmente, o período de análise leva entre uma a duas semanas, mas pedidos mais exigentes do que comparar duas cultivares podem levar alguns meses. A empresa está agora a começar a usar robots para a extração do ADN das plantas para tornar o processo mais rápido.
A East Malling Research tem uma coleção de amostras crescentes, atualmente conta com 2.500 de maçã, 550 de pera, 100 de cereja, e este mesmo valor também para a framboesa e morango. Esta coleção contém amostras provenientes de todo o mundo.