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Produção e Comercialização de Mel

O mel é um alimento, geralmente encontrado em estado líquido viscoso e açucarado, produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar e secreções recolhidos de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insetos, sendo armazenado em favos nas colmeias para servir-lhes de alimento. A produção de mel é uma atividade que se encontra ligada ao Homem desde a antiguidade.

O mel é utilizado como alimento pelo Homem desde a pré-história, tendo este, durante vários séculos, retirado dos enxames este alimento de forma destrutiva, causando muitas vezes danos ao meio ambiente e aniquilando as abelhas. Com o passar do tempo, o homem foi aprendendo a valorizar e proteger os seus enxames, instalando-os em colmeias racionais e manuseando-os de forma a promover uma maior produção de mel, sem causar prejuízo para as abelhas – nasceu assim a apicultura.

Estima-se que a produção mundial de mel seja superior a 1.200.000 toneladas por ano. A China é o maior produtor do mundo, seguindo-se a Argentina, México, Estados Unidos e Canadá. A produção de mel a nível mundial teve uma tendência crescente nos últimos 20 anos, apesar das flutuações, em regiões e países (industrializados e não-industrializados), atribuída a um aumento no número de colmeias e da produção por colónia. O consumo também aumentou durante os últimos anos, devido ao aumento geral dos padrões de vida e também ao crescente interesse em produtos naturais e saudáveis.

Produção de Mel em Portugal

Portugal tem milhares de produtores de mel, representando uma fatia importante na economia nacional e, principalmente, regional. No total, a produção média anual ronda as 11.000 toneladas, com uma faturação de aproximadamente 25 milhões de euros, de acordo com dados de 2003. Nesse ano, foram contabilizados 28 mil apicultores, dos quais 1800 são profissionais.

Em Portugal existem doze denominações de origem geográfica de mel reconhecidas, onde este é obtido de acordo com as regras de produção, extração, embalamento e conservação do produto, demonstrando o interesse dos produtores em apostar na qualidade. As regiões produtoras são a Serra da Lousã, o Parque de Montesinho, a Serra d’Aire, Albufeira de Castelo do Bode, Ribatejo Norte – Bairro e Alto Nabão – Terras altas do Minho, Terra Quente, Serra de Monchique, Barroso, Alentejo e Açores.

Os vários tipos de mel – laranjeira, framboesa, eucalipto, girassol, rosmaninho, urze, rosas, etc. – variam em função das características e localização geográfica das plantas de onde é extraído o néctar e dos tipos das abelhas produtoras. Por esta razão, o mel pode apresentar consistências e cores diferentes.

Comercialização do Mel

Tradicionalmente, o mel era comercializado numa relação direta entre produtor e consumidor. No entanto, com o aumento das produções, concentração dos produtores e evolução do mercado capitalista, apareceram outras formas de comercialização, que passam pela relação do produtor com o embalador e deste ao retalhista, ou do produtor às indústrias transformadoras.

A maior concentração dos produtores apareceu como resposta ao volume de mel importado de países terceiros, aumentando assim a capacidade de oferta dos apicultores e melhorando os canais de distribuição, permitindo aos agentes do setor passar a ter um acesso mais fácil ao mel produzido em Portugal.

A constituição de agrupamentos de produtores, funcionando como estruturas de concentração da oferta de produtos, facilitando o escoamento e conquistando a posição ocupada pelo mel importado, tem permitido corrigir a falta de estruturas de comercialização e dispersão da produção, contribuindo para o desenvolvimento e sobrevivência do setor apícola.

Produção de Mel

Embora o número de apicultores tenha vindo a diminuir, a produção de mel, de um ponto de vista global das últimas décadas, tem aumentado. Tal facto deve-se à modernização das técnicas de produção, nomeadamente à reconversão dos cortiços em colmeias de quadros móveis e à intensificação da prática da transumância, ao redimensionamento das explorações e à instalação de novas explorações de média e grande dimensão.

Da produção nacional, 30% têm como destino a venda direta ao consumidor, 25% são destinados à indústria, 25% são vendidos aos centros de embalagem/comércio e 20% são diretamente transacionados com o retalhista. Relativamente ao comércio externo, pode-se referir que, tal como o resto da União Europeia, Portugal é deficitário em mel, importando parte do produto que consome.

Relativamente aos preços praticados pelo produtor, existem diferenças significativas consoante o destino final do produto. Assim, o pequeno apicultor que embala o seu próprio produto, consegue vender o produto a preços favoráveis em feiras, mercados locais ou na exploração. Os apicultores com um volume produzido apreciável, têm alguma dificuldade no escoamento da sua produção, tendo por vezes que, alternativamente, vender uma parte do mel com características para consumo direto e, portanto, com maior valor comercial, a um preço inferior para as indústrias de transformação. Estes preços aproximam-se dos preços médios do mel importado, onde a produção tem um custo menor e as condições climáticas permitem obter maior rentabilidade.

Portugal tem condições naturais favoráveis para a produção de mel, mas existem problemas de ordem sanitária (tais como a ameaça de doenças como a Varroa cada vez mais difíceis de tratar, devido à resistência aos princípios ativos), de pragas, como a vespa asiática, que se tem vindo a alastrar por Portugal Continental – que tem como verdadeiros alvos as abelhas e as suas colmeias, que sofrem cerco desta espécie de vespa acabando por morrer sobre ataque ou por falta de acesso a alimento, acabando por representar danos financeiros avultados para os apicultores, por destruírem colonias de abelhas produtoras de mel, bem como provocando desequilíbrios na fauna e flora – e resultantes de uma concorrência baseada essencialmente em regras económicas (a diferença de preços entre os méis importados, por vezes de má qualidade, e os nacionais e europeus anda na ordem dos 100 %), pelo que é necessário aos produtores nacionais criar mecanismos de adaptação, sem deixar perder as características peculiares da sua produção.

Garantir a produção e valorizar os produtos de qualidade de modo a garantir um preço favorável ao produtor são fatores importantes na produção de mel em Portugal, trabalhando na expectativa do consumidor final e o comércio internacional estarem dispostos a pagar a autêntica qualidade do produto.

Diferentes subprodutos

Além do mel, na produção apícola, o produtor poderá rentabilizar outros produtos como a cera, utilizada nas indústrias de cosméticos, medicamentos e velas, a própolis e a geleia real, nas indústrias de cosméticos e farmacêutica, o pólen – em virtude do seu alto valor nutritivo é usado como suplemento alimentar e a apitoxina – o veneno das abelhas purificado e utilizado como medicamento anti-reumático.

De um modo geral, o mel é constituído por açúcares simples, água, minerais, tais como cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo e potássio, aminoácidos, ácidos orgânicos e vitaminas B, C, D e E.

Além de ser utilizado como adoçante, este produto sempre foi reconhecido pelas suas propriedades terapêuticas, devido às suas características digestivas, analgésicas, anti-inflamatórias, anti-microbianas e antissépticas. É também utilizado largamente na cosmética, em cremes, máscaras de limpeza facial, tónicos, etc, devido às suas qualidades adstringentes e suavizantes. Para além de tudo, tem ainda um uso externo – acelera a cicatrização da pele em feridas e queimaduras leves e é um bom hidratante da pele.

Fontes: OMAIAA | ADRAL | CED

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