Produção e Comercialização de Figos
Os figos são as infrutescências da figueira, árvore que pertence à família das Moraceae. Esta espécie adapta-se a qualquer tipo de solo, desenvolvendo-se melhor em solos profundos e permeáveis. Requer clima temperado (porém, adapta-se a diferentes condições climáticas, mas não suporta geadas. As figueiras são árvores tipicamente mediterrânicas, região de onde provém a maioria dos figos frescos. É considerada subespontânea em todo o Sul da Europa.
A produção de figos a nível mundial divide-se, maioritariamente, por três continentes: Ásia (46%), África (29%) e Europa (17%). A Turquia lidera a produção mundial, com um peso total de 26%. Em África, destacam-se o Egipto (15%), a Argélia (6%) e Marrocos (6%) como principais produtores. Na Europa, Grécia e Espanha são os maiores produtores de figo, com um peso na produção mundial de 8% e 4%, respetivamente.
A área de cultura, em Portugal, é ligeiramente superior a 7.100 hectares, e a produção nacional ronda as 2.150 toneladas (INE, 2005). As zonas de produção mais representativas são o Algarve, Trás-os-Montes e Torres Novas. As variedades mais comercializadas são a Lampo Branco, Lampo Preto, Vindimo Branco e Vindimo Preto.
Normalmente, nas regiões de invernos menos rigorosos produzem-se figos lampos, e nas regiões onde os invernos são mais rigorosos, produzem-se figos vindimos. É uma cultura exigente em mão de obra, quer para a colheita dos frutos, quer para a poda das árvores.
Produção e Comercialização
Os figos lampos têm a epiderme violácea e são necessários, em média, dezanove frutos para perfazer um kg. Os figos vindimos, pertencem ao grupo comum iniciam normalmente a produção no princípio de agosto. Têm epiderme verde e em média são necessários vinte e dois frutos para se perfazer um kg.
Devido ao tempo pós-colheita muito curto, principalmente no caso dos figos “lampos” (os frutos amadurecem na totalidade num espaço muito curto de tempo), os figos encontram dificuldades de comercialização. Apesar de tudo, os vindimos têm uma conservação mais prolongada, devido à pele mais resistente.
Para potenciar a rentabilidade, a densidade da plantação deve ser elevada, com variedades produtivas e adaptadas ao gosto do mercado. As árvores devem ser baixas, para a colheita ser realizada sem recurso a escada, aumentando assim a produtividade dos colaboradores na colheita.
Os figos têm pouca exigência de água e os tratamentos fitossanitários são muito reduzidos, com, segundo os agentes de mercado, boas possibilidades de exportação para os países da Europa, na sua grande maioria deficitários deste fruto, apesar da forte concorrência da Turquia.
A comercialização efetua-se desde meados de maio até ao final de setembro. O figo para consumo em fresco é entregue, na sua maioria, a intermediários, que o comercializam nos mercados regionais e nos mercados abastecedores dos grandes centros urbanos. Grande parte dos frutos provenientes dos pomares tradicionais de sequeiro destina-se à secagem.

A balança comercial é deficitária, mas o diferencial é mais acentuado para o figo seco do que para o fresco. Os principais fornecedores do mercado nacional são Espanha (figo fresco e seco) e Turquia (figo seco). As saídas, pouco significativas, têm como destino, principalmente, o continente africano, mais propriamente Angola e Cabo Verde.
Em Trás-os-Montes existe algum interesse na plantação de novos pomares, em substituição de alguns já muito envelhecidos, mas sem alterações significativas em termos de área plantada.
No Algarve, tem havido alguma implementação de novos pomares, devido à boa valorização que os frutos atingem para consumo em fresco, em particular no início da campanha.
Características e modo de consumo
Os figos são frutas altamente energéticas, ricas em açúcar, fibra, ácidos orgânicos e sais minerais como o potássio, o cálcio e o fósforo, contribuindo para a formação de ossos e dentes, evitam a fadiga mental e contribuem para a transmissão normal dos impulsos nervosos.
Podem ser consumidos de várias formas, frescos ou secos. Os figos frescos são bastante utilizados na doçaria regional algarvia, como o figo cheio, o queijo de figo ou o morgado de figo, e em compotas. São também um bom complemento, quando se adicionam aos acompanhamentos de pratos de aves ou caça.
Os figos secos são comummente consumidos como aperitivo, isoladamente ou recheados com amêndoas e nozes. Obtêm-se por um processo de secagem caseira ou industrial, operação que requer alguns cuidados básicos (como local ao ar livre protegido da chuva e da humidade) e frutos escolhidos, bem maduros e de casca intacta.
Após a secagem natural em tabuleiros de madeira, efetua-se nesta altura uma primeira escolha, que consiste na separação dos frutos conforme o seu tamanho e qualidade, retirando-se os defeituosos ou parasitados.
Fonte: GPP / SEBRAE / Crescendo Online.